Pesquisa da Planejar mostra que 59% dos brasileiros se consideram planejados, mas 84% enfrentaram situação recente de crédito emergencial
Dados inéditos mostram ainda que 43% dos brasileiros não têm reserva de emergência
A primeira edição da pesquisa "O planejamento financeiro do brasileiro: da consciência à prática" encomendada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) ao Datafolha revela que, embora 59% dos brasileiros se considerem razoavelmente, muito ou extremamente planejados, 46% ainda se dizem insatisfeitos com sua condição financeira. O alto número de pessoas que se considera planejada indica que o conceito de organização das finanças pessoais está em consolidação e que muitos ainda confundem controle de gastos com uma estratégia estruturada de planejamento financeiro.
A pesquisa mostra que apesar de se considerarem planejados financeiramente, uma parte relevante dos brasileiros não cumpre requisitos como ter reserva de emergência, seguros, planejamento sucessório e de aposentadoria.
O levantamento ouviu 2 mil pessoas em todas as regiões do país, das classes A, B e C, com 18 anos ou mais e acesso à internet. Com abrangência nacional e margem de erro de dois pontos percentuais, o estudo buscou entender como os brasileiros lidam com o dinheiro, quais são as percepções e práticas de organização financeira.
A pesquisa mostra que dois terços dos entrevistados (64%) planejam suas despesas do mês sempre ou frequentemente. Mesmo entre aqueles insatisfeitos com sua condição financeira, 55% mantêm algum tipo de organização recorrente. No entanto, o descompasso entre planejamento e execução aparece nos resultados: 39% dos brasileiros gastaram mais do que receberam no último ano, e esse índice sobe para 54% entre os que não se consideram planejados. Mesmo entre os que se consideram planejados, 22% gastaram mais do que receberam.
Além disso, 84% dos entrevistados passaram por uma ou mais situações emergenciais nos últimos 12 meses, entre elas, reduzir ou atrasar o pagamento de contas essenciais, pedir dinheiro emprestado, pegar crédito ou ficar com o nome negativado.
Essa situação reflete o fato de que 43% da população não têm dinheiro guardado para emergências. Entre esses, 62% são mulheres e 78% pertencem à classe C.O contraste entre discurso e prática também aparece nas metas de longo prazo. Embora 82% dos brasileiros afirmem já ter pensado na aposentadoria e 97% declarem ter objetivos financeiros concretos, como viajar, comprar um imóvel ou garantir o futuro dos filhos, apenas 15% dos não aposentados possuem um plano de previdência privada. Entre os aposentados apenas 22% contam com previdência complementar.
O mesmo padrão se repete no planejamento sucessório. Mais da metade dos entrevistados (56%) afirma já ter pensado em como distribuir seus bens para seus herdeiros, mas só 7% possuem um testamento ou plano formal. Quatro em cada dez (42%) dizem que seus familiares saberiam acessar seus bens em caso de falecimento. Na prática, 16% dos brasileiros já tiveram que arcar com custos de inventário, mas apenas 9% tomaram alguma providência para custear esse tipo de despesas.
"A pesquisa revela que as pessoas podem ter visões distorcidas de sua situação. Os altos índices de planejamento financeiro relatados são um verdadeiro contraste com a baixa aderência a ferramentas como seguro de vida ou previdência privada, por exemplo. Uma hipótese para isso é que o próprio conceito do bom planejamento financeiro não é claro para a maioria das pessoas. O principal papel dessa pesquisa será justamente munir os planejadores e o mercado financeiro com dados para que eles sejam verdadeiros agentes propagadores da importância de buscar um planejamento financeiro mais próximo do ideal" afirma Ana Leoni, CEO da Planejar. "Muita gente se identificará com os achados desse estudo e esse é o primeiro passo para que elas se motivem a buscar segurança, rentabilidade e longevidade para o seu patrimônio", acredita a executiva.
Busca por orientação
A busca por apoio para tomar decisões foi outro ponto pesquisado. Seis em cada dez brasileiros (57%) afirmam não contar com ajuda em suas finanças pessoais. A maior parte busca informação por conta própria (34%) e 23% nunca pensaram no assunto.
Entre os que procuram apoio, 42% o fazem por estarem enfrentando problemas financeiros e 40% buscam mais conhecimento. A pesquisa revela também que os jovens de 18 a 24 anos são os mais abertos a buscar ajuda (58%), seguidos pelos de maior renda, especialmente das classes A e B.
Mesmo diante da ampliação do debate sobre finanças pessoais, o papel do planejador financeiro ainda é pouco explorado no Brasil. Apenas 2% dos entrevistados já contrataram um profissional do tipo, enquanto 49% considerariam fazê-lo. Os principais motivos mencionados são a organização da vida financeira (24%), o esclarecimento de dúvidas (17%), a solução de burocracias (12%) e o controle de gastos (11%). Apenas 10% mencionam que o principal objetivo seria investir melhor.
"Essa situação evidencia a grande oportunidade para a atuação dos planejadores financeiros pessoais. Apoio especializado, nesse caso, pode encurtar o caminho para as pessoas que que estão buscando esse equilíbrio na vida financeira. É nosso papel explicar que esse tipo de serviço é fundamental e acessível a grande parte da população", afirma Ana.
Entre os que não pretendem contratar, 20% acreditam conseguir se planejar sozinhos, enquanto 16% alegam não ver necessidade e outros 16% acreditam não ter recursos para pagar pelo serviço.
Os dados mostram um potencial de crescimento expressivo para o setor. Nas classes A e B, 72% e 55%, respectivamente, afirmam que contratariam um planejador, índice que cai para 35% entre pessoas com mais de 61 anos.
"A pesquisa nos mostrou que a percepção de planejamento não garante resultado. É nesse espaço de contradição que o profissional CFP® encontra oportunidade", garante a CEO da Planejar.
Sobre a Planejar
A Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) é a única instituição no Brasil autorizada a conceder a certificação CFP® (Certified Financial Planner). É afiliada ao FPSB (Financial Planning Standards Board) entidade norte-americana responsável pela divulgação, gerenciamento e controle do uso das marcas CFP® fora dos Estados Unidos.
O Brasil é o quinto país com mais planejadores financeiros certificados, com mais de 11 mil profissionais. No mundo, são mais de 230 mil. A certificação CFP® é uma certificação de distinção que traz um diferencial para a carreira do profissional. Para obtê-la, além de comprovar conhecimentos técnicos por meio de avaliação específica, o candidato também precisa comprovar formação acadêmica, experiência profissional e adesão a um código de ética. Para manter a certificação, o profissional precisa ainda cumprir requisitos de educação continuada.

